Quando falamos sobre o papel e a ocupação da mulher em qualquer âmbito da sociedade, precisamos levantar questionamentos e dados para chegarmos a conclusões concretas.
No artigo de hoje iremos focar na ocupação da mulher no mercado fotovoltaico, mas antes de seguirmos, é necessário que vejamos rapidamente alguns dados sobre a ocupação das mulheres na sociedade e alguns dados sobre energia elétrica no Brasil para entendermos o impacto desses dados no mercado de energia solar.
O Brasil conta atualmente com a maior bancada feminina da história na Câmara dos Deputados. Hoje as mulheres representam apenas 18% das cadeiras ocupadas. Esse dado e outros se tornam ainda mais chocantes quando pensamos que, atualmente, 52,8% da população brasileira são mulheres.
Segundo dados do IBGE levantados em 2019 que trata de mulheres brasileiras na educação e no trabalho, as mulheres são maioria no ensino superior, mas são minoria em cursos de engenharia e tecnologia. De acordo com censo do Inep realizado na mesma época, cerca de 60% do corpo discente de graduação e pós graduação é ocupado por mulheres.
Ainda no ano passado, os dados do Dieese revelaram que mulheres ganham 21% menos que homens em mesma posição e representam 55,5% dos desempregados no país.
Agora vamos falar de energia e conferir como esses dados impactam no mercado de energia solar?
Ocupação das mulheres no mercado de energia solar
De acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE, cerca de um milhão de pessoas no Brasil não têm acesso a energia elétrica e no mundo 733 milhões de pessoas não têm energia elétrica e continuarão sem até 2030.
Ainda que estudos não tenham levantado dados concretos sobre o tema, mas considerando que as mulheres são maioria entre os desempregados no país e ainda recebem salários defasados em comparação aos homens, pode-se concluir que elas também são a maior parte da população que não tem acesso a energia elétrica.
Talvez até aqui você esteja se perguntando como esses dados impactam no crescimento da energia elétrica no Brasil e na presença das mulheres no mercado fotovoltaico.
De maneira geral, a falta de diversidade em cargos de decisão, especialmente no que diz respeito à inclusão das mulheres, afeta a transição do Brasil e do mundo para energias renováveis. Globalmente, apenas 32% dos empregos em energias renováveis e 22% em energias não renováveis são ocupados por mulheres no setor de energia elétrica, conforme pesquisa da IRENA (2019).
O desequilíbrio de gênero no setor, aumenta a invisibilidade das mulheres, o que desestimula meninas a estudarem e se desenvolverem na área.
Visando mudar essa realidade, mulheres do setor têm criado organizações para sensibilizar o mercado acerca da realidade da mulher no mercado fotovoltaico e impulsionar mulheres na área.
Vamos conhecer mais um pouco sobre esse movimento e os dados sobre as mulheres no mercado de energia solar?
Realidade brasileira de mulheres na energia solar
No Brasil, a Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (Rede MESol) foi criada para conectar mulheres do setor, discutir desafios e promover a inclusão e permanência delas na área. A diversificação de gênero e de matriz energética são apontadas como essenciais para superar os desafios do setor.
A Rede MESol tem realizado pesquisas para identificar obstáculos e apoiar a participação ativa das mulheres na indústria de energia. O objetivo é entender o que afasta as mulheres da área e encontrar formas de oferecer suporte para que elas possam ter uma presença cada vez mais ativa.
De acordo com dados levantados pela rede, 80% das mulheres que atuam no mercado de energia solar, seja como pesquisadoras ou no mercado de trabalho, têm até 45 anos. O que mostra que o número de mulheres atuantes vem aumentando.
Ainda segundo a pesquisa, de acordo com as entrevistadas, algumas ações são necessárias para melhorar as condições de trabalho, estudo e, consequentemente, a permanência das mulheres no setor, entre essas ações estão:
- Rodas de conversas sobre o tema com homens;
- Cursos com vagas para mulheres
- Grupos de apoio para mulheres se ajudarem com empregos na áreas
- Iniciativas por parte de empresas para promover a equidade entre gêneros
- Licença maternidade de 6 meses compartilhada
- Consideração do tempo de licença maternidade para avaliação de projetos e bolsas de pesquisas
- Valorização de lideranças femininas
O que foi feito desde que esses dados foram levantados em 2019?
Desde que a Rede MESol foi criada em 2019, uma iniciativa importante já foi criada. Estamos falando do Congresso Brasileiro das Mulheres da Energia (CBME), que em sua primeira edição reuniu mais de 700 mulheres do segmento de energias renováveis.
A terceira edição já tem data marcada e mostra que a luta das mulheres por crescimento e visibilidade não irá parar. Caso queira aproveitar a oportunidade para trocar experiências e fazer networking, o evento acontecerá nos dias 25 e 26 de agosto.
Conclusão
O debate sobre o papel das mulheres em diversos setores da sociedade é fundamental para promover a igualdade de gênero e impulsionar o desenvolvimento sustentável. Ao analisarmos os dados apresentados sobre a presença feminina na política e no mercado de trabalho, e ao entendermos a importância da energia solar para o Brasil e para o mundo, é evidente o impacto significativo que as mulheres podem ter no setor fotovoltaico.
A desigualdade de gênero persistente em cargos de liderança e decisão na área de energia elétrica não apenas prejudica a inclusão das mulheres, mas também dificulta a transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis.
No blog de hoje gostaríamos de frisar a importância do reconhecimento e apoio a iniciativas como a Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (Rede MESol) e o Congresso Brasileiro das Mulheres da Energia (CBME), que visam promover a participação ativa das mulheres no mercado fotovoltaico. A diversificação de gênero nesse setor não só estimula a inovação e a produção de novos estudos sobre energias renováveis, como também contribui para a construção de um ambiente mais inclusivo e equitativo.
Os dados levantados pela Rede MESol mostram um aumento na presença de mulheres no setor de energia solar, especialmente entre as mais jovens. No entanto, ainda há barreiras a serem superadas, como a falta de suporte e incentivos para a permanência e crescimento das mulheres no setor.
À medida que avançamos para um futuro mais sustentável, é essencial que reconheçamos e valorizemos o papel das mulheres no mercado fotovoltaico e em outros setores-chave da economia.
Somente através da colaboração e do apoio mútuo, poderemos alcançar uma verdadeira igualdade de gênero e construir um mundo onde todas as vozes sejam ouvidas e todas as oportunidades sejam acessíveis. O progresso das mulheres no mercado fotovoltaico não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma oportunidade de crescimento da eficiência econômica e sustentabilidade ambiental.
